O falar de Deus: um olhar antropológico ao público evangélico

Anaxsuell Fernando Silva

Resumo


Este trabalho tem como ponto de partida o desejo de compreender a importância do púlpito na sociedade contemporânea. Para tanto, ao longo do percurso, discute sob a mediação de instrumentos teóricos e analíticos a influência dos discursos proferidos nas igrejas evangélicas de um bairro periférico em Natal, capital do Rio Grande do Norte. A ênfase é discutir - ao longo do caminho - o processo de construção da vida social, da cosmovisão e da prática da espiritualidade nos fiéis-ouvintes. E ainda, a especificidade das prédicas às questões locais ou levantar a possibilidade de que tais preleções seriam reverberações, em pequenas comunidades, de discursos oriundos em círculos eclesiais em regiões centrais. O processo de construção da pesquisa se deu através de observações diretas em vários templos evangélicos do referido bairro, sendo gravados alguns dos sermões proferidos nos púlpitos, transcrevendo-os e analisando-os. Buscou-se também entrevistas com os pregadores e ouvintes. Tendo por perspectiva teórica que a linguagem não é um meio neutro de reflexão ou descrição do mundo, a retórica dos sermões nos púlpitos eclesiásticos é dirigida a um público específico, que é (ou não) persuadido, pelos argumentos apresentados e oferece algum sinal em reação ao que fora comunicado. O ponto de chegada do trabalho é, pois, a problematização da atuação da igreja na esfera pública, já que esta opera como mediadora cultural e política para sua comunidade de fiéis. Este trabalho assente com a proposição epistemológica de que diálogo entre áreas do conhecimento pode favorecer a compreensão do fenômeno. Por isto, traz consigo o desejo de articular saberes e práticas da teologia, sociologia, história e política pelo viés antropológico.

Palavras-chave


Púlpito evangélico; Sermão; Antropologia da religião; Religião e esfera pública

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DOI: http://dx.doi.org/10.22351/nepp.v27i0.140

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