A dominação masculina e a violência simbólica contra a mulher no discurso religioso

Maria Elizabeth Rodrigues, Geraldo Barbosa do Nascimento, Eunice Maria Nazarethe Nonato

Resumo


A violência contra a mulher, pautada neste artigo, é assunto amplamente discutido nas diversas áreas do conhecimento, dentre elas os estudos territoriais, cujos objetivos concentram-se em buscar soluções que vislumbrem a promoção da mulher na sociedade, como pessoa dotada de direitos. Este trabalho busca discutir a dominação masculina, geradora da violência simbólica contra a mulher, presente no discurso religioso que legitima o processo da supremacia masculina, a partir do contexto histórico da família patriarcal e da teoria abordada por Pierre Bourdieu (2014). Esta obra de Bourdieu apresenta elementos importantes para análise da questão da dominação masculina, ao considerar a existência da violência simbólica contra a mulher, partindo do pressuposto de que as sociedades ocidentais cultivam os mesmos princípios arraigados na sociedade de Cabila, na Argélia, local onde o autor se dedicou a este estudo, e consequentemente, à escrita do livro referenciado. A metodologia utilizada neste trabalho baseou-se numa revisão bibliográfica sobre o tema. Considerou-se a perspectiva descritiva para a abordagem e as contribuições de Engels (1975), Muraro (2003), Beauvoir (1982) e Belizário (2006), Giordani (2003), Del Priore (1990), Gebara (2000), Perrot (2003), Borin (2007), Jarsche e Nanjari (2008), dentre outros. Conclui-se que a dominação masculina foi uma criação do homem com o surgimento da família monogâmica e patriarcal, após o curto período de domínio do matriarcado, na fase pré-histórica. E, que, para a legitimação e a reprodução dessa estrutura social foi fundamental o papel da religião cristã, com a exortação à prática continuada de submissão e obediência da mulher ao homem que, por meio da violência simbólica, naturaliza e perpetua essa relação de poder. A libertação dessa dominação masculina só se pode realizar mediante a liberação dos homens das mesmas estruturas territoriais que contribuem para essa imposição. Se as mulheres são submetidas a um trabalho de socialização que as leva à diminuição e negação de suas virtudes, os homens também são prisioneiros dessa mesma estrutura, e, algumas vezes sem perceberem, sujeitos dessa mesma representação e violência. A reconstrução das territorialidades que resguardam a dignidade feminina passa, pois, pela reversão das estruturas sociais, que consagram e reproduzem o mito da inferioridade feminina em confronto com o homem. São muitas as conquistas obtidas pelos movimentos feministas no espaço social e político, mas também é verdadeiro que persiste a dominação masculina em todos os campos da vida da mulher. Afinal, se homens e mulheres nascem iguais como seres humanos, estes deveriam partilhar o mesmo território da igualdade.

 


Palavras-chave


Dominação Masculina; Mulher; Violência Simbólica; Religião

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ISSN 1676-9570 (impresso - ENCERRADO)

ISSN 2178-437X (eletrônico)

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